Bulgária, polêmica com transfusões de sangue e serviço militar

Postado por: Mentalista
Data: 2016-04-21 23:33:22 (Atualizado em: 2017-01-13 00:49:45)

Tags: blog, análises, artigos, escândalos, polêmicas, testemunhas de Jeová, Bulgária, transfusão de sangue, serviço militar

Para ganhar reconhecimento legal na Bulgária durante a década de 1990, a Torre de Vigia foi obrigada a mudar sua doutrina de serviço militar, e permitiu então serviço civil em 1996. Também assinou um documento perante a Comissão Européia dos Direitos Humanos, enganosamente declarando que não sanciona seguidores por receberem transfusões de sangue.

A situação envolvendo a Torre de Vigia e as transfusões de sangue na Bulgária demonstra que essa sociedade é preparada para "dobrar a verdade" em favor de suas próprias necessidades políticas. É difícil definir as ações da Torre de Vigia perante a CEDH como algo que não seja perjúrio.

Em 28 de Junho de 1994, o Conselho de Ministros Búlgaro se recusou a renovar o registro da Torre de Vigia como religião. O principal fator por trás dessa decisão foram as doutrinas da Torre de Vigia proibindo: transfusões de sangue (mesmo para crianças) e serviço militar. Uma batalha legal de 4 anos se seguiu. Finalmente, as partes chegaram a um acordo. Veja o documento correspondente aqui.

A Torre de Vigia fez um "ajuste amigável" por mudar suas regras quanto a transfusões de sangue e serviço militar. E o governo búlgaro criou uma opção de serviço militar não-combativo para objetores de consciência participarem.

Como se a questão fosse assim tão simples! Por décadas, as testemunhas de Jeová eram proibidas de participar no serviço militar e também no serviço civil alternativo, mesmo que não-combativo. (Watchtower, 1 de Fevereiro de 1951, pág. 77) Muitos jovens foram "presos por não violarem a neutralidade cristã". (United in Worship of the Only True God, pág. 167) Alguns passaram mais de 12 anos na prisão. (Yearbook, 1994, pág. 108)

Em 1996, a Torre de Vigia mudou convenientemente sua posição sobre o serviço militar, permitindo então serviço não-combativo ou civil. (Watchtower, 1 de Maio de 1996, págs. 20-21) Por fazerem isso, mostraram que sua interpretação da Bíblia pode ser moldada por requisitos governamentais. Pior que isso, mostraram que aqueles que ficaram presos por anos foram privados de sua liberdade de forma banal, já que posteriormente a doutrina foi modificada convenientemente.

Para as Testemunhas de Jeová serem reconhecidas como uma organização religiosa na Bulgária, a Torre de Vigia tinha que assegurar que, no que diz respeito a transfusões de sangue, "membros devem ter liberdade de escolha no assunto para si e para seus filhos, sem qualquer controle ou sanção por parte da associação." Como parte da reconciliação, a Torre de Vigia concordou em não mais sancionar o uso do tratamento médico entre as Testemunhas de Jeová. Foi anunciado publicamente que não impediriam seus seguidores de tomar sangue. Em 27 de Abril de 1998, foi declarado: "O acordo também inclui um reconhecimento de que cada indivíduo tem a liberdade de escolher o tipo de tratamento médico que vai receber." Veja a nota oficial.

Essas palavras foram enganosas, visto que as Testemunhas estão sujeitas a repercussões idênticas se aceitarem transfusão de sangue para si ou para seus filhos. Em cumprimento do acordo com a Bulgária, as transfusões de sangue foram removidas dentre as causas de desassociação. Engana-se quem pensa que isso mudou alguma coisa. Aceitar sangue foi reclassificado como sendo uma causa para dissociação. Essa mudança foi anunciada em uma carta para os Superintendentes Viajantes em 2000. Clique aqui para ver.

Em 2001, o formulário de notificação de desassociação ou dissociação (S-77-E 7/01) incluiu aceitar sangue como causa de dissociação. (Veja aqui.) O formulário (agora S-77-E 6/14 [2014]) continua do mesmo jeito. (Veja aqui.)

A desassociação e a dissociação resultam no mesmo anúncio para a congregação - que a pessoa "não é mais uma Testemunha de Jeová", e no mesmo tratamento (passa a ser evitada por todos os membros). (Veja aqui) Em resposta a um membro que questionou esse caso, a Torre de Vigia enviou uma carta dizendo que nada havia mudado, que as Testemunhas de Jeová continuariam a ser sancionadas por aceitarem transfusões de sangue. (Veja aqui.)

Pode ser dito que uma pessoa tem liberdade para aceitar o tratamento médico que quiser se seus líderes religiosos a ameaçam com ostracismo (ser evitado pelos demais membros) e com a perda da vida eterna? De forma que se percebe claramente a desonestidade e a falta de respeito da Torre de Vigia para com os governos.

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