Castigos físicos

Postado por: Mentalista
Data: 2016-04-22 02:58:07 (Atualizado em: 2017-01-13 00:49:25)

Tags: blog, análises, castigos físicos, disciplina, vara, testemunhas de Jeová, Comissão Real Australiana, Geoffrey Jackson, mentiras

Quando questionado na Comissão Real, o membro do corpo governante Geoffrey Jackson declarou que a Torre de Vigia não apoia o castigo físico; por exemplo, bater em um filho. Tal declaração foi surpreendente. Por quê?

Qualquer um criado como testemunha de Jeová provavelmente já apanhou ou viu alguma criança ser levada para a sala dos fundos ou o banheiro do salão do reino para apanhar. A Torre de Vigia sempre encorajou o castigo físico, declarando que este é para o bem da criança.

Vida Familiar (fl), cap. 10, págs. 133-134

5 Dar umas palmadas no filho pode salvar-lhe a vida, porque a Palavra de Deus diz: “Não retenhas a disciplina do mero rapaz. Não morrerá se lhe bateres com a vara. Tu mesmo lhe deves bater com a vara, para que livres a sua alma do próprio Seol”, a sepultura. Novamente: “A tolice está ligada ao coração do rapaz; a vara da disciplina é a que a removerá para longe dele.” (Provérbios 23:13, 14; 22:15) Se os pais prezarem os interesses espirituais de seus filhos, não permitirão por fraqueza ou descuido que lhes escape a ação disciplinar. O amor os motivará a agirem de modo sábio e justo, sempre que necessário.

[...]

26 ... Uma criança pode ser muito sensível, e a punição física, tal como dar palmadas, talvez nem sempre seja necessária. Para outra criança, dar palmadas pode ser ineficaz. Ou uma criança pode ser igual ao servo descrito em Provérbios 29:19, que “não se deixará corrigir por meras palavras, pois ele compreende, mas não atende”. Em tal caso, o filho precisa de punição física.

Embora essa ainda seja sua posição, desde a década de 1990 a Torre de Vigia passou a ser mais cautelosa com as palavras que usa ao tratar dessa questão, já que leis em todo o mundo começaram a restringir violência física contra as crianças.

Despertai!, 22 de Setembro de 1991, pág. 7

O uso da vara, que representa a autoridade, poderá envolver uma surra, mas muitas vezes não envolve. Diferentes filhos, diferentes travessuras, exigem uma disciplina diferente. Uma repreensão bondosamente dada talvez baste; a teimosia talvez exija um remédio mais forte: "Uma censura penetra mais em quem tem entendimento do que golpear cem vezes um estúpido." (Provérbios 17:10) Também é aplicável: "O servo [ou uma criança] não se deixará corrigir por meras palavras, pois ele compreende, mas não atende."

A Sentinela, 1 de Abril de 2006, págs. 9-10

A “vara”, embora às vezes envolva alguma punição física, representa a autoridade parental que é usada de modo firme mas amoroso, demonstrando a devida preocupação com o bem-estar eterno dos filhos.

A Sentinela, 1 de Abril de 2008, pág. 14

Nesse contexto, a vara da disciplina representa um meio de correção, seja qual for a sua forma. Por disciplinarem com amor, os pais procuram corrigir falhas que, se ficassem profundamente arraigadas, trariam muita tristeza ao filho na vida adulta. De fato, deixar de aplicar esse tipo de disciplina é o mesmo que odiar; aplicá-la é uma demonstração de amor.

Na Comissão Real Australiana, quando questionado, Geoffrey Jackson vai contra tudo isso.

Q. A partir dessa referência em Efésios, sua Bíblia nos leva de volta a Provérbios capítulo 13, versículo 34?
A. Sim.
Q. E a citação exata é: "Quem refreia a sua vara odeia seu filho." O que isso significa?
A. Meritíssimo, você perceberá que há um asterisco lá no termo "vara", e verá a nota de rodapé.
Q. Sim.
A. "Disciplina ou punição". Então, na aplicação disso, o termo "vara" é usado como um símbolo ou uma metáfora para indicar a autoridade em dar alguma punição. Por exemplo, em um cenário moderno, meu pai poderia me dizer para não ir ao cinema porque que eu quebrei algumas regras da casa.
Q. Então, não se trata de aplicar punição corporal?
A. Absolutamente não é sobre infligir punição corporal.

Veja a transcrição do depoimento de Geoffrey Jackson na Comissão Real Australiana.

Obviamente, ele não disse a verdade, não representou a posição da Torre de Vigia de forma precisa. Digno de nota é que a Comissão Real revelou uma outra hipocrisia em seu depoimento. Ao dizer que a Torre de Vigia está preparada para levar em conta o cenário atual na aplicação do versículo sobre a disciplina, Geoffrey entrou em contradição porque disse também em seu depoimento que a regra das duas testemunhas, embora indicada no Velho Testamento, ainda deve se manter. Porém, se isso não acontecesse, muitos casos de pedofilia entre as Testemunhas de Jeová poderiam ser evitados. E muitos abusadores seriam levados à justiça. Ao escolher quais passagens devem ser interpretadas como literais e quais devem ser vistas como figurativas, a Torre de Vigia mostra irresponsabilidade e descaso com milhares, talvez milhões, de seus membros.

Artigo original.

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