No número de Junho de 2013 da revista Despertai!, encontramos um artigo sobre "como acabar com a tática do silêncio". Sem dúvida, esse é um problema hoje em dia. Vejamos o que a revista tem a dizer:
O DESAFIO
Como é possível que duas pessoas que prometeram se amar cheguem a ponto de ficar sem se falar por horas — ou até por dias? Elas dizem a si mesmas: ‘Pelo menos paramos de brigar.’ Mas isso não resolve o problema, e os dois se sentem mal com a situação.
POR QUE ACONTECE
[...]
Manipulação. Alguns usam o silêncio para conseguir o que querem. Por exemplo, pense num casal que está planejando uma viagem, e a esposa quer levar os pais dela junto. O marido não concorda. “Você está casada comigo, não com seus pais”, diz ele. Daí, para de falar com a esposa, esperando que ela finalmente ceda e faça a vontade dele.
[...]
A Bíblia diz que existe um “tempo para ficar quieto”. (Eclesiastes 3:7) Mas, quando é usado como meio de vingança ou manipulação, o silêncio com o tempo diminui o respeito que um tem pelo outro — além de não resolver o problema. Como você pode evitar que isso aconteça ao seu casamento?
O QUE VOCÊ PODE FAZER
O primeiro passo é reconhecer que essa tática, na melhor das hipóteses, funciona apenas por um tempo. É verdade que cortar o diálogo pode satisfazer seu desejo de vingança ou obrigar a outra pessoa a fazer suas vontades. Mas é assim que você realmente quer tratar a pessoa a quem prometeu amar? Existem soluções melhores!
[...]
Substitua “eu” por “nós”. A Bíblia diz: “Que cada um persista em buscar, não a sua própria vantagem, mas a da outra pessoa.” (1 Coríntios 10:24) Se, em seu casamento, houver parceria em vez de rivalidade, as chances de vocês se ofenderem, discutirem e ficarem sem se falar serão bem menores. — Princípio bíblico: Eclesiastes 7:9.
Ficar sem se falar é exatamente o contrário do que a Bíblia aconselha: “Cada um de vós, individualmente, ame a sua esposa como a si próprio; por outro lado, a esposa deve ter profundo respeito pelo seu marido.” (Efésios 5:33) Alguns casais combinam entre si que não vão admitir essa tática do silêncio em seu casamento. Que acha de fazer o mesmo?
Mas por que é de se estranhar que tal artigo se encontre numa publicação das Testemunhas de Jeová? Vejamos o que dizem as publicações das Testemunhas de Jeová sobre o contato com desassociados e dissociados:
‘Amor de Deus’ p. 207 - Como tratar uma pessoa desassociada
Como devemos tratar uma pessoa desassociada? A Bíblia diz: “Parem de ter convivência com qualquer um que se chame irmão, mas que pratique imoralidade sexual, ou que seja ganancioso, idólatra, injuriador, beberrão ou extorsor; nem sequer comam com tal homem.” (1 Coríntios 5:11) Com respeito a qualquer pessoa que ‘não permanece nos ensinamentos do Cristo’, lemos: “Não o recebam na sua casa, nem o cumprimentem. Pois quem o cumprimenta participa das suas obras más.” (2 João 9-11) Nós não nos associamos com desassociados, quer para atividades espirituais, quer sociais. A Sentinela de 15 de dezembro de 1981, página 21, disse: “Um simples ‘Oi’ dito a alguém pode ser o primeiro passo para uma conversa ou mesmo para amizade. Queremos dar este primeiro passo com alguém desassociado?”
É realmente necessário evitar todo e qualquer contato com a pessoa? Sim, por várias razões. Primeiro, é uma questão de lealdade a Deus e à sua Palavra. Obedecemos a Jeová não apenas quando é conveniente, mas também quando envolve grandes desafios. O amor a Deus nos motiva a obedecer todos os seus mandamentos, reconhecendo que ele é justo e amoroso e que suas leis visam o bem dos que o servem. (Isaías 48:17; 1 João 5:3) Segundo, cortar o contato com o pecador não arrependido evita que nós e a congregação sejamos corrompidos em sentido espiritual e moral, e preserva a boa reputação da congregação. (1 Coríntios 5:6, 7) Terceiro, nossa firme posição a favor dos princípios bíblicos pode até mesmo beneficiar o desassociado. Por apoiarmos a decisão da comissão judicativa, talvez contribuamos para tocar o coração de um pecador que até então não correspondeu aos esforços dos anciãos para ajudá-lo. Perder a preciosa associação com pessoas amadas talvez o ajude a ‘cair em si’, a ver a seriedade de seu erro e a dar os passos necessários para retornar a Jeová. — Lucas 15:17.
E quando o desassociado é um parente? Nesse caso, os laços achegados entre familiares podem ser um verdadeiro teste à lealdade. Como devemos tratar um parente desassociado? Não podemos incluir aqui toda e qualquer situação que possa surgir nesse sentido, mas vamos nos concentrar em duas situações básicas.
Em alguns casos, o parente desassociado talvez faça parte da família imediata e ainda more na mesma casa. A desassociação não põe fim aos laços familiares, por isso as atividades e os tratos normais do dia a dia da família podem continuar. Contudo, pelo seu proceder, o desassociado escolheu romper o vínculo espiritual que tinha com a família. Sendo assim, os membros leais da família não podem mais ter associação espiritual com ele. Por exemplo, caso o desassociado esteja presente quando a família se reunir para estudar a Bíblia, ele não deve participar da adoração em família. Mas, se o desassociado é um filho menor, os pais ainda são os responsáveis pela sua instrução e disciplina. Por isso eles, como pais amorosos, podem dirigir um estudo bíblico com o filho.* — Provérbios 6:20-22; 29:17.
Em outros casos, o parente desassociado talvez não faça parte da família imediata ou seja um membro da família imediata que não mora na mesma casa. Embora em raras ocasiões talvez se precise cuidar de um assunto familiar com um parente desassociado, tal contato deve restringir-se ao mínimo possível. Membros leais de uma família cristã não procuram desculpas para ter tratos com um parente desassociado que não more na mesma casa. Em vez disso, a lealdade a Jeová e à sua organização os faz seguir os princípios bíblicos relacionados com a desassociação. Seu proceder leal visa o bem do desassociado e pode ajudá-lo a se beneficiar da disciplina recebida.* — Hebreus 12:11.
A Sentinela, 15 de Janeiro de 2013, pág. 16
19 Por outro lado, se você escolher o caminho do ressentimento contra Jeová, você se distanciará dele. Realmente, o que seu querido membro da família precisa ver em você é sua firme determinação de colocar Jeová acima de tudo o mais — incluindo o vínculo familiar. Assim, para enfrentar a situação, cuide para não perder a sua própria espiritualidade. Não se isole de seus fiéis irmãos cristãos. (Pro. 18:1) Expresse seus sentimentos a Jeová em oração. (Sal. 62:7, 8) Não procure desculpas para se associar com um membro da família desassociado, como, por exemplo, trocando e-mails. (1 Cor. 5:11) Envolva-se em atividades espirituais. (1 Cor. 15:58) A irmã já citada disse: “Eu sei que preciso estar ocupada no serviço de Jeová e me manter espiritualmente forte para que eu tenha condições de ajudar minha filha quando ela voltar para Jeová.”
A Sentinela, 15 de Abril de 2012, pág. 12
17 Vejamos apenas um exemplo do bem que pode resultar de a família apoiar lealmente a ordem de Jeová de não se associar com parentes desassociados. Certo jovem estava desassociado havia mais de dez anos e, durante esse período, seu pai, mãe e quatro irmãos ‘cessaram de ter convivência’ com ele. Às vezes, ele tentava se envolver nas atividades da família, mas, para crédito dela, todos os seus membros evitaram firmemente qualquer contato com ele. Já readmitido, ele disse que sentia muita falta da associação com a família, em especial à noite, quando ficava sozinho. Mas ele admitiu que, se a família tivesse se associado com ele, mesmo só um pouco, essa pequena dose o teria satisfeito. No entanto, ele não recebeu nem mesmo a menor comunicação de qualquer membro da família. Assim, seu forte desejo de estar com seus familiares contribuiu para a restauração de sua relação com Jeová. Pense nisso se algum dia você for tentado a violar o mandamento divino de não se associar com parentes desassociados.
A Sentinela, 15 de Junho de 2013, pág. 28
17. Como a desassociação pode ajudar na recuperação de um pecador? Ilustre.
17 A desassociação é outra forma de disciplina de Jeová. Ela protege a congregação de má influência e pode ajudar na recuperação do pecador. (1 Cor. 5:6, 7, 11) Roberto ficou desassociado por quase 16 anos. Nesse período, seus pais e irmãos seguiram firme e lealmente a orientação da Palavra de Deus de parar de ter convivência com transgressores, nem mesmo os cumprimentando. Roberto foi readmitido há alguns anos e está progredindo bem espiritualmente. Quando lhe perguntaram o que o motivou a voltar para Jeová e seu povo depois de tanto tempo, ele respondeu que o modo como sua família agiu o influenciou muito. “Se minha família tivesse tido nem que fosse um mínimo de contato comigo, por exemplo, apenas para ver como eu estava, isso teria me deixado satisfeito. Não teria contribuído para que meu desejo de estar com eles me motivasse a voltar para Deus.”
Agora, convido o leitor a reler o conteúdo daquela Despertai! e fazer uma análise sincera dos dois assuntos, que na verdade representam a mesma coisa: a tática do silêncio. Conforme o artigo da Despertai! diz, é uma forma de manipulação usada para conseguir algo; e "ficar sem se falar é exatamente o contrário do que a Bíblia aconselha".
Consideramos aqui a contradição da Torre de Vigia ao tratar da "tática do silêncio". No entanto, o assunto vai além quando falamos de desassociação. Uma análise mais completa dessa prática se encontra em outros artigos.