As testemunhas de Jeová, em algumas partes do mundo, recebem pressão de certos governos por causa de sua obra de pregação ou de ensinos considerados extremistas. Este artigo, no entanto, vai abordar a pressão sofrida por testemunhas de Jeová dentro de sua própria organização.
Eu não interajo mais com as TJs no dia a dia mas, por ter a família e alguns parentes TJs, às vezes observo e às vezes ouço relatos de pessoas sendo exploradas na organização, seja em um sentido ou em outro. Muitos casos desse tipo eu mesmo já presenciei ou mesmo vivenciei. Vou enumerar alguns, mas existem outros, vários outros.
- Esposas: há muitos casos de esposas que são deixadas de lado, por causa dos afazeres dos maridos TJs, chegando a um ponto em que a relação esfria tanto que elas já não se sentem nem no clima de ter relações sexuais, mas os maridos as pressionam dizendo que elas devem lhes render o que é devido, fazendo com que elas se sintam usadas e às vezes até abusadas. Já vi vários casos como esse, um infelizmente terminando em suicídio. Não bastasse isso, alguns maridos as pressionam a ir em todas as reuniões e no campo regularmente, pra que eles possam subir rapidamente na empresa.
- Maridos: Há também casos de maridos que se sentem pressionados, em especial aqueles que questionam a organização mas que não podem fazer isso porque as esposas e a congregação vão cair em cima, chegando ao ponto de perderem contato até com os filhos nos casos mais extremos.
- Homens em geral: Além da chantagem emocional, muitos são pressionados a ter cargos na congregação, a buscar privilégios etc. E, uma vez que os alcançam, a pressão fica ainda maior. A pressão pra fazer donativos é a cada dia maior. O tempo deles é drenado quase que totalmente, tendo que preparar e realizar partes e discursos, fazer visitas de pastoreio, pressionar a família pra ser mais ativa, investigar e desassociar aqueles que não seguem a cartilha; em resumo, algo que deveria ser bom vira um fardo. Os solteiros com mais de 20 anos são muitas vezes vistos como possíveis homossexuais, que são fortemente atacados lá dentro.
- Mulheres em geral: Recebem pressão pra ir cada vez mais no campo e abdicar de quaisquer interesses em "estudo secular", neste sentido ainda mais que os homens. As solteiras recebem pressão de alguns pra casar e de outros julgamento por mostrar interesse em algum homem.
Em todos os casos já citados, há muitas outras regras que pressionam. Você não pode se associar com quem não é TJ. Se você troca a companhia dos seus "irmãos" pela de "amigos do mundo", você é no mínimo sem noção e fraco espiritualmente. Se você faz faculdade, é visto como falto de fé. E recebe pressão para por o reino em primeiro lugar. Morar em república é inadmissível. Você deve sempre mostrar sua masculinidade ou feminilidade, de acordo com seu sexo e os padrões de gênero deles. Se o homem não é muito chegado em assistir ao futebol, paira alguma suspeita. Se a mulher conversa com algum homem, já se começa a suspeitar que ela é sem vergonha. Caronas entre sexos opostos pegam muito mal. Dormir na casa de alguém do sexo oposto leva a repreensão e talvez até desassociação.
- Crianças: Perdem tempo da infância tendo que acompanhar os pais no campo e nas reuniões, recebendo estudo, adoração em família (que ali não passa de doutrinação familiar) etc. Também perdem conexões importantes, ao terem que escolher seus amigos dentre outros TJs. Sofrem bullying desnecessário na escola por terem que se impor como TJs. Não podem ir em festas de aniversário, ter certos brinquedos inofensivos, ler obras de autores "mundanos". Os danos psicológicos podem e geralmente são grandes. E o tempo perdido jamais é recuperado (mas ninguém deve desanimar por causa disso se já acordou). São incentivadas a terem um senso de superioridade em relação aos não TJs, pensando que as TJs são o grupo de pessoas mais bem instruído e que todo o resto não passa de tolice aos olhos de Deus. Precisam memorizar cânticos, que dificilmente vão esquecer um dia mesmo que queiram. Recebem doses diárias de "retardantes mentais" (emburrecedores em português claro), material infantilizado e que não ajuda a desenvolver o raciocínio e o senso crítico, em vez disso, ajuda a criar preconceitos e pensamentos raso, simplistas e ilógicos. Os meninos são incentivados a programar sua vida para um dia serem o chefe de sua tribo, provendo sustento e ditando as regras, tendo que ser zelosos para encontrar uma "esposa capaz", que cuide bem da casa e dos filhos, além de ser pioneira e participativa nas reuniões. As meninas programam suas vidas para sair dos ditames de seus pais para os de seus maridos, tendo que ser zelosas para encontrar um bom marido, e depois serem "esposas capazes".
Em todos os casos as características que tornam as pessoas diferentes umas das outras são reprimidas, como se toda medida de individualidade fosse negativa. As pessoas precisam ser como robos, trabalhando pra organização como se fosse para Deus, ou seja, tratar a organização como um deus. Não podem ter suas próprias ideias, muito menos manifestá-las. A tortura psicológica é preocupante, principalmente nos casos mais sensíveis, que são aqueles onde o psicológico está envolvido, a autoestima é destruída, traumas são criados.