Xadrez - algumas considerações

Postado por: Mentalista
Data: 2016-01-02 01:39:19 (Atualizado em: 2016-08-22 23:21:13)

Tags: citações, jogo de xadrez, competição, guerra

Despertai, 22 de Setembro de 1973, págs. 13-15

Jogo Altamente Competitivo

No entanto, jogar uma mente contra a outra, eliminado por completo o elemento sorte, tende a estimular um espírito de competição entre os jogadores de xadrez. Com efeito, o xadrez com freqüência se caracteriza como ‘luta intelectual’. Para exemplificar: comentou o destronado campeão mundial de xadrez, Boris Spassky: “Por natureza, não sinto um impulso combativo. . . . Mas, no xadrez, é preciso ser um lutador, e, por necessidade, eu me tornei um.”

Isto ajuda a explicar por que não existem jogadoras de xadrez que estejam no topo da escada — os mais de oitenta grandes mestres de xadrez são todos homens. A atriz Silvia Miles observou a respeito disso: “Para ser um jogador profissional de xadrez é preciso ser um matador. Se o espírito de competição das mulheres estadunidenses chegar alguma vez a se tornar tão forte assim, então eu acho que teremos algumas grandes jogadoras.”

O espírito de competição no xadrez poderá ser atiçado até se tornar febril, o que é refletido nas atitudes e linguagem dos jogadores de xadrez. “Não há comparação, em qualquer outro esporte, da tentativa de destruir o estado psicológico de seu oponente”, explica o jogador de xadrez Stuart Margiles. “Jamais ouvi alguém dizer que venceu seu oponente. Sempre ouvi que ele amassou, esmagou, liquidou ou acabou com ele.”.

Na verdade, os jogadores que conhecemos talvez não usem tal linguagem. Mas, mesmo assim, o espírito de competição entre os jogadores pode levar a conseqüências desagradáveis, como noticiou no verão setentrional de 1972 o Times de Nova Iorque: “A maioria das famílias conseguem restringir ao tabuleiro os inevitáveis conflitos que surgem nos jogos. Mas, em alguns lares, as tensões vão muito além do xeque-mate.”

Naturalmente, o xadrez não é, neste respeito, muito diferente de outros jogos competitivos. Os participantes que desejam agradar a Deus, sem considerar o jogo em que participam, precisam ter cuidado para não violarem o princípio bíblico: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.” — Gál. 5:26.

No entanto, há outra coisa a respeito do xadrez que merece consideração.

Relação com a Guerra

Estas são as conexões militares do jogo, que são óbvias. As forças oponentes são chamadas de “inimigo”. São “atacadas” e “capturadas”; o propósito sendo fazer o rei oponente “render-se”. Assim, Horowitz e Rothenberg afirmam em seu livro The Complete Book of Chess (O Livro Completo de Xadrez) sob o subtítulo “O Xadrez É Guerra”: “As funções designadas às [peças de xadrez], os termos usados para descrever tais funções, o objetivo último, a justificada brutalidade em se atingir o objetivo — tudo equivale à guerra, e nada menos.”

Aceita-se em geral que o xadrez pode ser remontado a um jogo realizado na Índia por volta de 600 E. C., chamado chaturança, ou jogo do exército. Os quatro elementos do exército indiano — carruagens, elefantes, cavalaria e infantaria — foram representados pelas peças que se desenvolveram através dos séculos em torres, bispos, cavalos e peões. Assim, o Times de Nova Iorque, de 31 de agosto de 1972, observou:

"O xadrez tem sido um jogo de guerra desde que se originou, há 1.400 anos atrás. O tabuleiro de xadrez tem sido uma arena de batalhas entre as cortes reais, entre exércitos, entre todas as sortes de ideologias conflitantes. A oposição mais familiar tem sido a criada na Idade Média, lançando-se um conjunto de rei, rainha, cavalos, bispos, torres e peões contra outro."

"Outros conflitos representados têm sido entre os cristãos e os bárbaros os estadunidenses contra os ingleses, os vaqueiros contra os Índios e os capitalistas contra os comunistas. . . . Relata-se que certo estilista estadunidense cria agora um conjunto que ilustra a guerra do Vietnam."

Provável é que a maioria dos jogadores de xadrez moderno não se consideram como manobrando um exército em batalha. Todavia, não são óbvias as relações desse jogo com a guerra? A palavra para peão se deriva de uma palavra medieval latina que significa “soldado de infantaria”. Um cavaleiro era um soldado montado no período feudal europeu. Os bispos tomaram parte ativa em apoiar os esforços militares de seu lado. E as torres, ou castelos, lugares de proteção, eram importantes na guerra medieval.

Assim, Reuben Fine, jogador de xadrez de estatura internacional, escreveu em seu livro The Psycholopy of the Chess Player (A Psicologia do Enxadrista): “Mui obviamente, o xadrez é um substituto para a arte da guerra.” E a revista Time noticiou: “O xadrez se originou como jogo de guerra. É um adulto e intelectualizado equivalente às manobras realizadas pelos garotinhos com soldadinhos de brinquedo.”

Ao passo que alguns enxadristas talvez objetem a se fazer tal comparação, outros prontamente admitirão a similaridade. Com efeito, em certo artigo a respeito de perito enxadrista, observou o Times de Nova Iorque: “Quando o Sr. Lyman olha para um tabuleiro de xadrez, seus esboços quadriculados se dissolvem às vezes nas colinas e nos vales, e nas trilhas secretas de uma perseguição na floresta, ou no solo cheio de marcas duradouras de um campo de batalha inglês.”

Quando se consideram os movimentos complexos, à medida que exércitos oponentes no tabuleiro de xadrez confrontam-se em busca de posições, a pessoa se queda pensativa quanto a se o xadrez tem sido um fator no desenvolvimento da estratégia militar. Segundo V. R. Ramachandra Dikshitar, tem sido. Em seu livro War in Ancient India (A Guerra na Índia Antiga), ele examinou este assunto em profundidade, e concluiu: “Os princípios do xadrez forneceram idéias para o desenvolvimento progressivo dos métodos e constituintes do exército.”

A Necessidade de Cautela

Alguns enxadristas reconhecem o perigo que pode resultar de jogar xadrez. Segundo The Encyclopædia Britannica, o reformador religioso “John Huss . . . quando na prisão, deplorou ter jogado xadrez, por ter perdido tempo e ter corrido o risco de ficar sujeito a paixões violentas.”

O extremo fascínio do xadrez pode resultar em consumir grande quantidade de tempo e atenção, com a exclusão de assuntos mais importantes, evidentemente uma razão de Huss ter lamentado ter jogado xadrez. Também, ao se jogar xadrez, corre-se o perigo de ‘atiçar competição entre uns e outros’, até mesmo de se desenvolver a hostilidade de uns para com outros, algo que a Bíblia avisa os cristãos para evitar.

Daí, então, os adultos talvez não considerem que seja correto que as crianças brinquem com brinquedos de guerra, ou com jogos de natureza militar. Será coerente, então, que tais adultos participem num jogo que se notabiliza, na opinião de alguns, como ‘equivalente intelectualizado às manobras realizadas pelos garotinhos com soldadinhos de brinquedo’? Que efeito tem realmente sobre a pessoa o jogo de xadrez? Terá um efeito saudável?

Por certo, o xadrez é um jogo fascinante. Mas, há perguntas a respeito dele que cada um que joga xadrez fará bem em considerar.

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